livro
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ponto
Iniciando–se num ponto, como tudo na vida, começo este livro de modo semelhante ao exercício anterior, como se de uma continuação se tratasse.
Se no último a sequência terminava em composições fortemente influenciadas pelo corpo que nos lembravam Kandinsky, agora, o formato livro destaca-se, possibilitando através do papel e outros materiais como fios, fazer do livro uma sequência interativa com o espectador. Círculos são recortados como se de portas se tratassem.
Tempo, corpo e música tornam-se os ex-libris deste livro de artista. Palavras são cosidas, e se numa fase inicial até tinta acrílica livremente espalhada teria, hoje, brinca com elementos gráficos básicos como a linha, o tracejado, os pontos, a confusão de linhas. Auxiliando-se da música “O Tempo” de Marco Rodrigues como poema assente no livro e mantendo a linguagem do segundo exercício, novas partes do corpo são exploradas assim como ausência das mesmas. Vazio, cheio, presença, ausência juntam-se ao centro.
A muitos lembrará um rizoma, muitos recordarão o fim do livro como o início de todo o projeto desde o primeiro exercício: de um mapa mental concreto, termino com um “desconcreto”, igualmente livre e aberto a novos tempos, ritmos, corpos, pessoas, vivências. Inaugurar com um ponto preto encerrando em dois vermelhos, parece-me sinal óbvio de que também o livro se abre a sugestões, a novos espectadores, leitores, histórias. Escrever a preto é escrever sem censura. Escrever a vermelho é preciso ter coragem. Caro leitor, cabe a si decidir onde se pretende situar.